segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Cabo Verde derrotado no campeonato de futebol de cegos

Cabo Verde recebeu, durante cinco  dias, o segundo  Campeonato Africano de Futebol para Cegos. O Estádio Nacional foi palco dos jogos da primeira fase, sendo que o campo de Tira Chapéu acolheu a partida de discussão do terceiro lugar e a grande final.
Quatro seleções participaram neste segundo Campeonato Africano de futebol para Cegos: Marrocos, Mali, Egipto e Cabo Verde.
A selecção nacional classificou-se em último lugar nesta sua estreia na prova. Foram quatro jogos e quatro derrotas para Cabo Verde: três na primeira fase e mais uma, diante do Egipto, na partida de atribuição do terceiro lugar. Uma participação negativa a nível de resultados, mas positiva no que tange à experiência e evolução da equipa segundo os responsáveis da seleção, pois é a primeira vez que Cabo Verde está a participar neste campeonato.
As seleções do Marrocos e do Mali foram os finalistas da Copa de África do Campeonato do futebol para cegos.  Essas duas seleções entraram no campo para última competição marcada pelos Hinos  Nacionais dos países das equipas em campo.  A competição foi ganho pela seleção de Marrocos que bateu, no final, por oito bola a uma. Os marroquinos conquistaram assim tricampeões africanos.
Rodrigo Bejarano, Presidente do Comité Paralímpico de Cabo Verde, faz um balanço positivo da competição: “acabamos de ver um final entre duas grandes equipas, Marrocos que é o sétimo do mundo e campeão de África e o Mali que é uma revelação, pois produz um programa bonito que é de copiar”, realça. A mesma fonte diz ainda que a satisfação é enorme por estar a realizar-se pela primeira vez o campeonato Africano em Cabo Verde.
Cabo Verde apresentou, pela primeira vez, uma seleção de futebol para cegos. Rodrigo Bejarano diz que objetivo é dar continuidade à seleção, embora esteja ciente das dificuldades.
A classificação final do segundo Campeonato Africano de Futebol para Cegos ficou assim ordenada: Primeiro  Marrocos, Segundo Mali, Terceiro Egito, Quarto Cabo Verde.
A seleção marroquina vai agora representar o continente africano no Campeonato do mundo que acontece em julho de 2018, em Espanha.


Os únicos “visíveis” no campo


O guarda-redes e o guia de baliza são dois elementos fundamentais no futebol para Cegos. O guarda-redes é o único jogador que não é invisual. No caso da seleção de Cabo Verde, o responsável pela baliza é Lenine Rocha, que já tem muitos anos a defender. Foi campeão regional de futebol de Santiago Sul pelo Desportivo da Praia. E por mais de uma vez foi campeão nacional de Andebol, também pelo Desportivo. Agora, com esta experiência nova a nível de Futebol para Cegos, Lenine Rocha diz que, ao contrário do que se possa pensar, “é difícil estar numa baliza de jogo dos cegos porque tudo é imprevisível, nunca sabe por onde vai sair o remate”. Lenine Rocha reconhece que já aprendeu muito mais agora com os especialistas espanhóis.
Outro elemento fundamental no Futebol para cegos é o guia de baliza. Cada equipa tem um guia que fica atrás da baliza do guarda-redes adversário. A sua função é dar aos dianteiros da sua equipa indicações para que possa arrematar na direção certa. Na equipa de Cabo Verde, o guia é Idélio Mendes. O Jovem já leva cerca de 15 anos a trabalhar no desporto paralímpico, mas a nível do Futebol para cegos, é a sua primeira experiência.
Idélio Mendes é um dos rostos mais visíveis no terreno quando se fala do Comité Paralímpico Cabo-verdiana. Está convencido de que o Futebol para cegos vai dar um grande salto nos próximos tempos em Cabo Verde. 


A curiosidade do Futebol dos invisuais
O jogo dos cegos é uma experiência emocionante para quem joga e para quem vê: um jogo muito agressivo. Toda a circulação e agilidade dos jogadores depende do som do guizo que a bola produz.
Quando a bola está em movimento, esses guizos balançam no seu interior e o som produzido orienta os atletas. Para que os jogadores consigam ouvir o barulho do guizo dentro da bola é fundamental que a torcida permaneça em silêncio durante o decorrer da partida.
Diferente dos jogos  das pessoas não cegas, nos dos invisuais, a torcida só pode vibrar quando algum time faz golo. Contudo se o público não controlar as emoções e faz muito barulho, logo se ouve o apito da arbitragem, seguido de um pedido de silêncio, cuja o barulho pode interferir na audição dos atletas, desviar o foco do jogo e atrapalhar o desempenho.
Na competição entre os cegos é necessário interpretar o jogo.  São deficientes visuais, podem, por exemplo, lesionar um atleta e cometer uma falta que não tinham intenção de fazer, que aconteceu porque eles não perceberam a presença do outro. Para evitar este tipo lesão,  existe uma regra: toda ação deve ser narrada antes de tentar tirar a bola do adversário.
Para além dos guizos na bola, os jogadores usam vendas nos olhos para garantir a igualdade, pois alguns ainda podem enxergar vultos.

A  primeira copa da África de futebol para cegos  teve início em 2015, em Camarões e é organizado de dois em dois anos.

Por: Ana Cristina

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