segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A ilusão da Morabeza

Um arquipélago formado por  10 pequenas ilhas. É assim que Cabo Verde, muitas vezes, é referido.
Apesar do parecer inocente e da “morabeza” de que é tão bem falada entre e sobre o povo cabo-verdiano, a situação em que nos dias de hoje se vive, não é das mais belas.
Falo da situação económica, social e assim por diante. Este ano a chuva amiga não bateu à porta.  Os agricultores e as suas “limárias” estão em prantos.
Imagine como é viver num país em o salário mínimo é de doze mil escudos mensais e há ainda corajosos que reclamam do preço ser elevado. Para as famílias monoparentais há mesmo que fazer uma elasticidade com os míseros escudos.

A segurança, ou neste caso a falta dela, é mais um assunto preocupante na sociedade cabo-verdiana. Dificilmente vê-se uma casa sem “proteção de ferro” nas portas e nas janelas. Estando dentro de casa ou fora dela o medo é inerente a qualquer um e, só quem não teme o famoso “kasubodi” é que anda na rua, à noite, ou não, principalmente na Cidade na Praia.
A segurança de um país, a meu ver, é inquestionavelmente importante, senão o mais.
São inúmeras histórias e situações que envolvem este flagelo social, pondo em causa a própria justiça cabo-verdiana. Esta última, que cada vez mais está a perder a sua credibilidade perante a sociedade.
São muitos aqueles que acreditam que a justiça na sua plenitude acontecia em outros tempos.
A que ponto chegamos? A que ponto chegou Cabo Verde? Este país que tanto é cantarolado com a sua “morabeza”. Existe mesmo tal coisa? Somos acolhedores? Temos amabilidade para com o próximo?
Por instantes, o atendimento nos hospitais, deixa muito a desejar. Quando está-se doente e frágil, necessita pelo menos de um carinho ou de um sorriso sincero. Com muita frequência, infelizmente, tal coisa não acontece,  ficando somente no querer.
O que dizer dos jovens recém, ou não, licenciados sentados à margem e a léguas de serem empregados?
“Tens cunha? Parabéns! Consegues ser facilmente contratado. Se por acaso, não o tiveres, não sei do que estás à espera”.
Sabe-se que o favoritismo é o que leva-te longe, nos nossos dias. Só precisas ter um diploma à mão mesmo não tendo todas as competências que diz teres num curriculum vitae.
Presente em todas as esferas da sociedade e agindo injustamente a favor de alguns, essa é a nossa realidade. Quem conhece mais e mais contatos tiver consegue, facilmente sobressair na vida. São vários os casos em que alguém é concedido uma oportunidade de emprego em detrimento de outrem pelo simples facto de se terem “conhecidos”, “padrinhos” ou ainda “titios”.
Não é de se admirar que os jovens que não possuem estes “conhecidos” não lhes resta muito que fazer, senão pensar duas vezes quando uma oportunidade de emigração lhes bater à porta. A emigração, desde sempre, foi o lema das famílias cabo-verdianas.
Antes, a fome e a seca eram os principais motivos pelos quais se emigraram, com o objectivo de, como sempre se disse, procurar uma vida melhor. Hoje, ainda a procura continua, mesmo havendo melhores condições de vida, por causa das corporações e das oportunidades que são concedidas ao país, de que antigamente. Se calhar muito pouco se mudou, pelo que a emigração ainda se mantém no dilema da vida dos cabo-verdianos.
Relativamente aos cartões postais de visita ao país e o que impulsiona o turismo, dá-se sobretudo naquilo que o país tem a oferecer. Temos de sobra belezas naturais, ares frescos por respirar e.. mulheres! Sim, mulheres. Isto porque o turismo estendeu-se também nesta esfera. O turismo sexual em algumas Ilhas, cito a Ilha do Sal em particular, está com pompa e circunstância.

Os valores, infelizmente, não interessam a muitos e a imagem que hoje é pintada das mulheres cabo-verdianas, é tristemente, mal parecida.

Enfim, perante o cenário atual não nos resta muito, senão, orar!
Por: Syoni Barbosa

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