segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Adultério Digital: uma realidade que começa no virtual

O adultério digital é uma nova realidade que vem ganhando cada vez mais espaço e expressividade no mundo, atualmente. Com o advento da internet associada às redes sociais e outras plataformas digitais, sentir desejo sexual sobre a pessoa que está do outro lado da tela de um dispositivo eletrónico, tornou-se em algo tão normal e banal tanto quanto o facebook.



E não se fica somente no desejo, pelo que, em muitos casos, há a concretização de facto do adultério que não se define somente no “chegar à cama”, como também através da troca de beijos.
Geralmente começa com frases do tipo:
- És bonita.
- És especial
- Gostei das tuas fotos.
- Queria conhecer-te melhor
Trair virtualmente não torna “um adultério menor” daquilo que se pratica na realidade. A partir do momento em que a pessoa passa a desejar a outra com quem fala, fantasia momentos de intimidade com ela, solicita encontros e fotos íntimas, já se está perante um ato de adultério.

Muitos são aqueles que defendem que trair não está no ato, mas sim, no pensamento. Para melhor elucidarmos esta proposição, vale recorrermos ao oitavo mandamento da lei de Deus que diz: “Guardareis castidade no pensamento no desejo” e no nono “Não cobiçarás as coisas do outro”. O adultério começa no virtual e vem concretizar-se no real.
Uma questão moral que nestes tempos que correm já não faz mais sentido, isto porque, “se ainda não toquei é porque não pequei.” Pensam os homens… e mulheres também.
O adultério digital encontra as suas causas nesta vontade crescente que as pessoas, de ambos os sexos, vêm tendo em experienciar novas sensações, fazer parte de jogos de sedução sem fim e uma necessidade mórbida de sentir-se desejada por terceiros. Mulheres e homens com compromissos, seja namoro, casamento ou noivado, em busca de outros e novos prazeres, sem sair do seu espaço físico e sem fazer muito esforço.  
Desta nova forma de traição, faz-se necessário definir um outro conceito de adultério ou, quiçá, referir-se ao adultério digital como um novo tipo de infidelidade. De maior ou menor grau, não se sabe ainda dizer.
Este é um fenômeno que encontra a sua expressão em diversas partes do mundo e Cabo Verde não fica indiferente nesta estatística. Solteiro com casada, casado com casada, todos presentes neste jogo de atração e desejo, onde o pudor e a moral só são chamados, algumas vezes, quando se voltam a vestir as roupas, que em momentos de chamas foram removidas sob instintos. Perde-se a razão e o instinto do desejo comanda.
Numa visão antiga e um pouco descontextualizada, dir-se-ia que o adultério digital, não passa de sonhos e desejos reprimidos de ter vários parceiros sexual, pois, está na condição humana esta necessidade de nunca estar saciado com aquilo que possui. Quer-se mais e mais.
É constante ouvir relatos e bazófias de homens e mulheres que, encontraram no mundo virtual, um fio de escape para a sobrevivência do relacionamento no qual vivem. É que, segundo mentes mais espertas e ditas “avançadas”, a prática do adultério digital vem ser um colete salva-vidas para os relacionamentos que se encontram em crise, pois ajuda a aliviar o stress e a monotonia de um compromisso amoroso, especialmente os duradouros.
O engraçado disto tudo é refletir se a dor “dói” na mesma intensidade que o adultério real provoca. Poderia atrever-me a opinar sobre esta questão, todavia, o bom senso a falta de ousadia não me permitem. No entanto, como reza a tradição popular, “toda dor é dor” e a de uma traição, ainda que digital, também tem a sua quota parte.
Em suma, o adultério digital é uma realidade e quanto a isso não podemos fingir, tapar os olhos e nem “desligar dados”, pois, o primeiro passo do adultério se concretiza no pensamento e, neste lugar, somos completamente livres. Custa e dói imaginar como estaremos daqui há alguns anos. Enfim, somente quem viver verá.


Por: Vadmila Borges

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