segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Álvaro Laborinho Lúcio, o homem dos sete ofícios

Na sua tenra idade até à adolescência fez parte de um grupo teatral na zona onde nasceu. Chamavam-no de Teatro da Nazaré.
Simultaneamente era desportista, jogava futebol e era guarda-redes. Um dia chegou até a ser campeão...
Como todo ser humano, a uma certa altura da nossa vida, enfrentamos dilemas. O seu era o de  ter que escolher entre a
paixão da sua vida, o teatro e ser encenador, ou optar por fazer Direito e o que dali se poderia explorar.
Foi campeão nacional universitário, na Universidade de Coimbra, onde optou por fazer Direito e, posteriormente obteve um curso complementar em Ciências Jurídicas.

Posto na balança e, após ter pesado os prós e os contra, pôs-se de lado o teatro. É que na época, em 1960, com o governo do Estado Novo, eram poucas as garantias e muitas as limitações para este ramo. Pelo que, hoje, com 75 anos de idade, os cabelos grisalhos de Álvaro José Brilhante Laborinho Lúcio lhes dão a autoridade para afirmar que é um homem dos sete ofícios, pois consigo traz uma vasta e rica bagagem de vida.

Atualmente, exerce a função de Juiz Jubilado do Supremo Tribunal de Justiça.
Foi professor, Ministro da Justiça, Inspetor do Ministério Público, Director da Escola da Polícia Judiciária e Procurador da República de Portugal, para além, ainda, de ser membro de algumas associações como a Academia Internacional da Cultura Portuguesa e, Presidente do Conselho Geral da Universidade do Minho entre 2013 e 2017.
Premiado na área da Psicologia, foi-lhe atribuído, em 2016, pelo Conselho Regional do Porto da Ordem dos Advogados, a Medalha de Reconhecimento e , neste ano, pela Associação Pró-Inclusão, a medalha de mérito.
Foi agraciado pelo Rei da Espanha com a Grã-Cruz da Ordem de D.Raimundo de Penaforte, pela sua acção como Ministro da Justiça no âmbito da União Europeia, e pelo Presidente da República Portuguesa, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, pela sua acção como Ministro da República.
Deste longo e largo percurso somam-se várias palestras, artigos publicados e livros como A Justiça e os Justos (1999), Palácio da Justiça (2007), Educação, Arte e Cidadania (2008), O Julgamento- Uma narrativa crítica da Justiça (2012), Levante-se o Véu( 2011) e dois romances que provocaram uma reviravolta na monotonia da sua escrita e que o marcaram, pois, para além da concretização de um desejo, a realização de um projeto antigo. Lançou o seu primeiro romance intitulado ‘ O Chamador’, em 2014, e, dois anos depois, ‘O homem que escrevia azulejos’.
A sua inspiração em escrever, vem da vida, do seu deslumbramento diante dela e das pessoas tal como o são, com as suas alegrias e tristezas, êxitos e fracassos, com o bem e o mal que as habitam. A vontade em escrever, vem, no fundo, de um sentimento de liberdade.
Como disse William Shakespeare, enquanto houver um louco, um poeta e um amante haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança. Esperança essa que Laborinho Lúcio diz ainda ter e sonhar hoje e sempre, com uma sociedade justa, livre, sem fome e sem pobreza, onde homens e mulheres se encontrem em igualdade.
Recentemente esteve em Cabo Verde, apesar de não ser pela primeira vez, a participar no Festival da Literatura – Morabeza.
Em Cabo Verde, tem relações fortes, tanto do ponto de vista institucional, como do ponto de vista pessoal, pois, há mais de 15 anos é pai, adotivo, de duas meninas naturais da ilha de Santo Antão.
Sobre o povo cabo-verdiano, acredita na sua coragem, na luta constante perante um quotidiano tantas vezes adverso e a capacidade destes em encontrar felicidade no meio da amargura. Isso faz dos cabo-verdianos um exemplo para todos e, renova a ideia da esperança num tempo melhor.
Álvaro José Brilhante Laborinho Lúcio nasceu a 1 de dezembro de 1941, em Nazaré, Portugal. Casou-se duas vezes e, destes enlaços, nasceram dois rapazes.

O seu pensamento favorito é :  A utopia é, muitas vezes, apenas o possível mais difícil de alcançar.
Por: Syoni Barbosa

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